Descrição
“Dizem que mar calmo nunca fez bom marinheiro. Também dizem que navegar é preciso, mas que viver não é preciso. Muitos dizeres, muitos dizem – e todos navegam. A vida como navegação não é uma opção – é ela, a vida em si mesma, em si própria, uma navegação. Viver não é preciso, porque não tem precisão, mas é preciso, porque se faz necessário. E viver sempre faz um vivente; bom ou mau vivente, quem vai saber?
Capitão – Complexos também é uma navegação. Uma navegação pela vida de Miguel Angel Pinto, nascido em 1967, em Pachamama, uma pátria-mãe tão gentil e distraída que nos faz sentir em casa na prosa inventiva – e poética – de Guilherme Dias. Uma navegação que é iluminada pelas estrelas de diferentes autores que surgem em inúmeras citações, referências e alusões entrelaçadas criativamente à trama. Uma navegação pela infância de Miguel Angel, nascido burguês no dia do trabalhador e que tem como porto seguro uma “grande família”.
Narrado pelo próprio Miguel Angel, Capitão – Complexos é uma navegação por suas memórias da infância estendida que começa ainda criança na cidade maravilhosa do Rio dos Prazeres, continua pela adolescência em Angra dos Ricos, no Colégio Naval, e termina na juventude da Escola Naval. Uma infância estendida porque nela estão as questões primevas: de onde viemos, para onde vamos e o que temos para jantar? (como nos ensinou Woody Allen). É nela, nessa longa infância, que surge pela primeira vez a pergunta sobre o que fazer com nossas vidas, por onde devemos navegar as nossas existências. Navegando pelas memórias de Miguel Angel, acabamos por visitar a própria vida e temos um espelho das nossas navegações e um reflexo dos mares por onde navegamos.
Nessa navegação com seu Capitão – Complexos, Guilherme Dias acaba por nos mostrar uma questão que deve ser o horizonte de nossas existências: somos os capitães de nossas vidas? Afinal, assim como Miguel Angel, devemos nos preocupar com quem está no comando de nossas vidas e dando as direções das nossas escolhas? Uma questão complexa, sem dúvida: questão simples nunca fez bom vivente.”